Resultados de avaliações realizadas pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB), entre 2005 e 2015, com estudantes do 5° ano do Ensino Fundamental, mostraram as dificuldades dos estudantes com a Matemática. Ainda que a média de pontuação nestas avaliações tenha variado e aumentado de 182 pontos em 2005 para 219 pontos em 2015, o nível de proficiência ao final dos anos iniciais ainda é muito baixo (BRASIL, 2015).
Segundo o SAEB, a escala de proficiência varia de 0 a 10. Assim, em 2015, a média obtida pelas crianças indica uma escala de proficiência 4. Este nível de proficiência revela que as crianças não são capazes de, por exemplo: determinar o resultado de situações com a ideia de retirar e comparar; interpretar dados em uma tabela simples; comparar dados representados pelas alturas de colunas presentes em um gráfico; interpretar a movimentação de um objeto utilizando referencial diferente do seu.
Esta realidade precisa ser transformada! Todas essas habilidades precisam ser desenvolvidas ao longo dos anos iniciais, contudo, muitas vezes, elas são desconsideradas e/ou trabalhadas apenas no 5° ano do Ensino Fundamental, o que dificulta o desenvolvimento de conceitos mais complexos, que exigem um período mais longo para serem desenvolvidos.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) prevê, para cada ano, uma série de habilidades que precisam ser desenvolvidas pelos alunos, as quais são divididas em cinco unidades temáticas: Números; Geometria; Álgebra; Grandezas e Medidas; e Probabilidade e Estatística.
O RED É o Bicho 2.0, em sua segunda versão, explora habilidades presentes em quatro unidades temáticas, conforme será detalhado a seguir. Ainda que a simples utilização deste RED não seja suficiente para desenvolver todas as habilidades de matemática previstas para os estudantes do 3° ano do Ensino Fundamental, este recurso pode contribuir para verificar se as crianças já desenvolveram tais habilidades, assim como ajudá-las a compreender os conceitos matemáticos explorados.
A unidade temática “Números” é explorada em três das atividades (Peixe-boi, Onça e Tamanduá). Todas essas atividades propõem a resolução de situações que envolvem as relações entre o todo e as suas partes, problemas inversos de relação parte-todo e problemas comparativos. Vale aqui ressaltar que todas as situações dessas atividades estão relacionadas à temática de extinção de animais da Região Amazônica. Os desafios propostos levam o estudante a realizar a atividade refletindo sobre as estruturas aditivas e avaliando o pensamento lógico-matemático.
Por meio da solução de problemas, o usuário encontrará diferentes significados para suas próprias representações simbólicas da adição e subtração. Espera-se que o usuário veja as relações possíveis entre a subtração e a adição, percebendo assim que é possível solucionar problemas de adição usando a subtração e vice-versa.
Vergnaud (1997), ao analisar a estrutura das operações aritméticas para a resolução de problemas, verificou que o campo da aritmética pode ser dividido em estruturas aditivas e multiplicativas. As estruturas aditivas envolvem operações aritméticas e noções aditivas (adição, subtração, diferença, intervalo, entre outros). As estruturas multiplicativas também envolvem operações aritméticas, mas com noções multiplicativas (funções linear e não-linear, fração, razão, proporção, número racional, multiplicação, divisão, combinação e outros).
A unidade temática “Álgebra” é explorada na atividade do Macaco Barrigudo. Nesta atividade, é proposta a identificação da regularidade em sequências numéricas a partir da realização de adições ou subtrações. A compreensão de padrões e de regularidades pode ser considerada como um dos primeiros passos no estudo da Álgebra. A análise de sequências permite aos alunos progredir de raciocínios recursivos para raciocínios envolvendo relações funcionais.
A unidade temática “Geometria” é trabalhada na atividade do Tamanduá. Nesta atividade, o estudante precisará movimentar o tamanduá até chegar ao formigueiro, utilizando o direcionamento das setas do teclado. Além de representar itinerário que tem como ponto de referência o lixo deixado no caminho, será preciso verificar os passos dados para a direita, para a esquerda, para cima e para baixo. A localização de objetos também deverá ser fornecida a partir de coordenadas de uma malha quadriculada.
Por fim, a unidade temática “Probabilidade e Estatística” é contemplada na atividade da Onça, na qual, a partir da limpeza que é feita no rio, é construído um pictograma e posteriormente um gráfico de colunas. A compreensão da representação de um gráfico faz parte dos aspectos matemáticos que precisam ser compreendidos pelos estudantes (CASTRO, 2012).
Além disso, esta atividade oportuniza que seja feita a comparação entre dois tipos de gráficos para posterior interpretação da situação. Ressalta-se que esta interpretação explora não apenas informações explícitas, requisitando que os estudantes precisem relacionar e/ou comparar informações.
Ressalta-se que o cenário em que a narrativa do RED É o Bicho 2.0 se desenvolve é o elo entre os conceitos matemáticos e o mundo real. A matemática está presente em nosso dia a dia, e é dessa maneira que deve ser apresentada para os estudantes.